sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Resumo "Quando novos personagens entraram em cena" | Janaina Brito

SADER, Eder. Quando novos personagens entraram em cena: experiências e lutas dos trabalhadores da grande São Paulo 1970-1980. 4.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001.


De Janaina Madeira Brito Stange


Prefácio – Marilena Chauí
Eder Sader mostra como os movimentos sociais produzem um novo sujeito; um sujeito coletivo; um sujeito diferente do moderno que é um sujeito individualista e racional; Sader mostra o “cotidiano popular”, novos lugares para o exercício da política;
(Página 12) - “Que são as migalhas das pequenas das pequenas vitórias das pequenas lutas? São as experiências que os excluídos adquirem de sua presença no campo social e político, de interesses e vontades, de direitos e práticas que vão formando uma história, pois seu conjunto lhes ‘dá a dignidade de um acontecimento histórico’”.

Apresentação – questões que ajudam na organização do método;
Sader entende que estudar o cotidiano é entender um certo alargamento da política; Qual o objeto da pesquisa? Qual a questão da pesquisa? Quais os caminhos da pesquisa?

Cap. 1 – Idéias e Questões
Qual é a linguagem dos MS? De que lugares falam? Que valores defendem? Qual é a originalidade do fenômeno? O MS é uma firmação de setores da sociedade.
Neste capítulo ele organiza suas referências teóricas, também quanto à valorização do discurso, para escuta e análise;

(Página 29) – falando da função dos MS
“Nessa representação a luta social aparece sob forma de pequenos movimentos que, num dado momento, convergem fazendo emergir um sujeito coletivo com visibilidade pública.”

(Página 41) – “O fato é que, pretendendo explicar movimentos sociais por determinações estruturais, os analistas chegam a impasses insolúveis.”

(Página 48) – os MS e o que sinalizam quanto às condições das classes no Brasil
“A constituição dos movimentos sociais implica uma forma particular de elaboração dessas condições (elaboração mental enquanto forma de percebê-la, mas também elaboração prática enquanto transformação dessa existência). Nesse sentido, movimentos sociais operam cortes e combinações de classe, configurações e cruzamentos que não estavam dados previamente.”

Cap. 2 – Sobre as experiências da condição proletária em São Paulo
Sader nos apresenta como as migrações são fenômenos associados às condições de trabalho e nada é pejorativo neste sentido; o desafio que se instala é como os migrantes se assentam nos novos espaçamentos sociais? as migrações para a cidade é sinal de modernidade; sinal logo de desenraizamento;

(Página 110) – estar em desvantagem na relação de poder, não significa entender o popular como idiota; é preciso, antes de fazer colagens interpretativas, se empenhar na tentativa de ouvi-los sobre as aparentes contradições e mascaras que possam eventualmente portar;
“Ou seja, os “manipulados” também “manipulam”. Através da absorção de padrões dominantes eles expressam algo de suas vontades e seus sonhos e é exatamente isso que é necessário saber ouvir”.

(Página 115) – a existência dos MS se relacionam com esta dimensão política-participativa; com uma dimensão da sociabilidade, do encontro social; e com a dimensão humana, de se fazer ouvir em seus anseios e impasses;
“Assistimos tanto ao fechamento de espaços públicos de manifestação política quanto ao fechamento de espaços públicos de convivência social, por onde se coletivizavam experiências sem incidência direta na institucionalidade política.”

Cap. 3 – Matrizes Discursivas – são modos de abordagem da realidade
Também os ANALISADORES podem ser entendidos como modos de abordagem da realidade;

(Página 141) - sobre o cotidiano
“Mas o cotidiano não pode ser pensado como um lugar mítico onde, em sua pureza, os pobres se apresentam como são, libertos de ideologias estranhas. Melhor vê-lo em sua ambigüidade de “conformismo e resistência”, expresso na “consciência fragmentada” da cultura popular.

Questões: Os Projetos Sociais são uma resposta a quê? (Gênese); quais suas ideologias? Quais suas práticas? O que os Projetos Sociais anunciam?

Os movimentos populares nem sempre se ancoraram nos argumentos da democracia, até porque eles existem anteriormente a este regime. Logo pode encontrar na democracia uma força argumentativa, mas eles, antes, sinalizam outras forças – que aí entra meu entendimento do humano;
Neste capítulo Sader analisa os movimentos sindicais, a igreja, e os movimentos populares de bairro; como achei uma analise local, vale o estudo, mas não recolhi citações que se fizessem generalizáveis;

Cap. 4 – Movimentos Sociais
(Página 199) – sobre os MS na década de 70
“Os movimentos sociais tiveram de construir suas identidades enquanto sujeitos políticos precisamente porque elas eram ignoradas nos cenários públicos instituídos. Por isso mesmo o tema da autonomia esteve tão presente em seus discursos. E por isso também a diversidade foi afirmada como manifestação de uma identidade singular e não como sinal de uma carência.”

(Página 215) - “(...) o movimento vai tecendo uma ligação entre o mundo do cotidiano e o mundo da política”.

(Página 216) – a noção de conquistas diferindo da noção de resultados, atuais nas ONGS; isto mostra a diferenciação do protagonismo social; Com as ONGS, na maioria das vezes, os atores são outros, a noção de crescimento também é de outra escala valorativa;
“Os movimentos cresciam em cima das conquistas obtidas (...)”.

(Página 221) – sobre o clube das mães da periferia de SP, como ocorre transformação, movimentos;
“De uma experiência coletiva emergia uma nova idéia de política. Essa nova idéia não lhes veio já elaborada, e as elaborações até então instituídas não lhes serviam. A palavra “política” vinha carregada de conotações que elas rechaçavam. A nova idéia de política estava sendo criada (e a criação desse novo discurso era também a criação de novos sujeitos coletivos)”.

(Página 222) – desnaturalização das condições de vida
“E, ao valorizarem a sua participação na luta por seus direitos, constituíram um movimento social contraposto ao clientelismo característico das relações tradicionais entre os agentes políticos e as camadas subalternas.”

(Página 250) – sobre o sujeito coletivo que é o sindicato
“É nesse quadro que as lutas fabris são assumidas como momentos de auto-afirmação de grupos operários, que vêem nelas o processo de sua constituição como sujeitos políticos. Mas essa atribuição de sentido não pode ser vista como se fosse o ato soberano de um sujeito racional. Ela se realiza no confronto entre diversos agentes – que atribuem significados diversos aos acontecimentos – e no jogo de situações concretas, onde tais significados ganham contornos imprevistos.”

O estudo sobre os sindicatos mostram como é preciso fazer confrontar as for;as motivadoras dos conflitos e os processos institucionalizados;

(Página 275) – sobre o controle da saúde feito pela população
“Mas a maioria viu aí uma forma de aumentar o poder da própria população e, com isso, incidir sobre as relações políticas. Era um outro modo de fazerem a população participar da política, porque não se referia a temas abstratos e uma representação institucional, mas a uma participação direta a partir de um tema concretamente vivido.”

(Página 280) – sobre o sindicado, que será extensivo às ONGS?
“A verdade é que a diretoria eleita esforçou-se para que o sindicato fosse assumido pelos trabalhadores como um órgão de luta e não somente como uma sede com seus serviços assistenciais.”

(Página 299) – o movimento é uma fala
“É evidente que o sindicato não foi estranho às greves que eclodiram em maio. Eram freqüentes as referências de seus dirigentes e assessores a uma greve como única forma de obrigar os empresários a ouvir os reclamos de seus empregados.”

Algumas considerações finais

(Página 313) – as classes populares e os MS
“As classes populares se organizam numa extrema variedade de planos, segundo o lugar de trabalho ou de moradia, segundo algum problema específico que os motiva ou segundo algum princípio comunitário que as agrega.”

“Os movimentos sociais não substituem os partidos nem podem cancelar as formas de representação política. Mas estes já não cobrem todo o espaço da política e perdem sua substância na medida em que não dão conta dessa nova realidade.”

“Apontaram no sentido de uma política constituída a partir das questões da vida cotidiana. Apontaram para uma nova concepção da política, a partir da intervenção direta dos interessados. Coloram a reivindicação da democracia referida às esferas da vida social, em que a população trabalhadora está diretamente implicada: nas fábricas, nos sindicatos, nos serviços públicos e nas administrações dos bairros.”

Nenhum comentário: